Em boa parte das residências, quem não tem computador faz planos de ter ou quem possui um modelo antigo tem intenção de adquirir uma máquina mais moderna. No entanto, a escolha de um PC não é algo tão simples. Será que simplesmente não vale a pena fazer um upgrade no computador atual? Será que é melhor comprar um PC de "marca" ou um montado numa loja? Computadores com placa-mãe onboard é interessante? Quais peças devo escolher? Este artigo foi criado para sanar essas e outras dúvidas relacionadas.
Comprar um novo ou melhorar o que tenho?
Como saber se chegou a hora de upgrade em meu computador (adicionar itens que aumentam a capacidade ou adicionam funcionalidades à máquina) ou de adquirir um novo? Como proceder para a escolha das peças?
Quando seu computador começa a ficar lento, demora a responder ou passa a exibir mensagens de erro, pode ser um problema com o sistema operacional ou com alguma peça de hardware. Aí, neste caso, talvez o reparo da máquina seja suficiente. No entanto, se quando você instala um jogo ou qualquer aplicativo novo, a máquina o executa com lentidão ou dá pequenas travadas, é sinal de que o PC já não está dando conta dos softwares atuais. Geralmente, quanto mais recente for um programa, mais capacidade de hardware ele exige.
Nos casos de rápidos travamentos ou de ligeira lentidão, um upgrade pode ser a solução mais interessante. Geralmente, as ações mais eficientes consistem no aumento da capacidade da memória RAM ou na aquisição de um processador mais poderoso.
No caso de troca de processadores, por exemplo, um AMD Duron de 1.6 GHz por um AMD Sempron de 2.8 GHz, o desempenho da máquina pode melhorar muito, principalmente se a memória RAM também for aumentada. Além disso, para aliviar as despesas, você pode revender o processador antigo.
Nos casos de computadores antigos, a troca por uma máquina nova é mais viável, já que as tecnologias atuais muitas vezes não são compatíveis com PCs antigos. Como exemplo, não é possível trocar um processador Pentium 100 MHz por um Pentium 4 3.2 GHz, já que ambos os modelos usam recursos diferentes e não são compatíveis. Neste caso, você teria que trocar a placa-mãe e se o computador antigo for do padrão AT, será necessário comprar um gabinete no padrão ATX. Além disso, de nada adianta ter um Pentium 4 se a máquina possui pouca memória e, por isso, você terá que adquirir memória RAM adicional também. Logo, é bem mais viável comprar um computador novo.
Que componentes escolher?
O bom desempenho de um computador depende da combinação dos componentes que o compõem. De nada adianta ter um processador poderoso se o PC tem pouca memória RAM. O fato de 32 MB de RAM ter sido suficiente há alguns anos atrás, não significa que será suficiente hoje. Da mesma forma, não é conveniente colocar um HD cujos discos rodam a 5.400 RPM (rotações por minuto) em um computador atual, já que o processador não conseguirá usar toda a sua capacidade do processamento porque o acesso aos dados do HD é lento.
Assim sendo, a seguir são dadas orientações relativas aos itens mais importantes: processador, placa-mãe, memória RAM, HD, drive de CD/DVD, placa de vídeo, monitores e adicionais.
Processador
Este, sendo o "cérebro" da máquina, é um dos itens que mais influencia no desempenho. A escolha de um processador deve ser feita observando suas necessidades de uso do computador. Para aplicações básicas, como execução de vídeo e áudio, acesso à internet, jogos leves e programas de escritório, não é necessário adquirir processadores topo de linha. Para estes casos, processadores secundários (ou econômicos) são suficientes. No momento em que este artigo era escrito, a linha secundária da Intel eram os processadores Celeron D.
No entanto, se você quer um computador para rodar jogos muito pesados (que possuem gráficos detalhados e em 3D) ou para executar aplicações pesadas, como softwares para CAD/CAM (produção gráfica), é bom cogitar a aquisição de processadores mais poderosos, como a linha Pentium 4 HT, da Intel ou o Athlon 64, da AMD. Esses processadores são muito rápidos e, conseqüentemente, mais caros.
Também existem processadores de desempenho alto, mas que não são topo de linha, como a série Sempron, da AMD e alguns modelos Pentium 4, da Intel. Estes costumam ser eficientes na execução de muitas aplicações pesadas.
O processador ainda tem outros aspectos que devem ser levados em consideração, como os caches L1 (Level 1) e L2 (Level 2). O cache funciona como uma espécie de memória intermediária entre a RAM e o processador, já que armazena os dados mais utilizados (para saber mais sobre isso, clique aqui).
Um detalhe importante: os processadores precisam de coolers (uma espécie de ventilador) para manter a temperatura numa taxa aceitável para seu funcionamento. Por isso, certifique-se de que o processador que você for adquirir está acompanhado de um cooler apropriado, do contrário o computador poderá sofrer instabilidades em seu funcionamento e até danos.
Placa-Mãe (motherboard)
Este é um item de extrema importância, afinal, é a peça que interliga todos os outros dispositivos do computador. A primeira coisa a se observar na escolha de uma é o socket, isto é, o tipo de conector do processador. Os processadores, mesmo os que pertencem à mesma família (por exemplo, a linha Athlon XP, da AMD), podem ter a quantidade e a disposição de pinos (aquelas "perninhas" que saem do processador) diferentes, de forma que é necessário um tipo de conector - socket - adequado a essa combinação. Assim, se por exemplo, um processador utiliza o conector conhecido como "Socket A", a placa-mãe deverá ter esse encaixe para ser compatível. Depois, deve-se verificar se a placa é onboard ou offboard.
Onboard? Offboard?
Quando se diz que um computador é onboard significa que sua placa-mãe possui um ou mais dispositivos de expansão integrados. Por exemplo: há placas-mãe que possuem placa de vídeo, placa de som, placa de rede e outros já "embutidos", sendo que o convencional é que estes dispositivos venham em placas separadas.
A questão é que, à primeira vista, placas-mãe onboard são viáveis, pois o comprador não precisará comprar dispositivos que já vem com ela (a não ser que o usuário queira). Por outro lado, o desempenho de placas onboard é geralmente menor, uma vez que o processador acaba tendo que executar tarefas que até então eram destinados aos dispositivos em questão. Geralmente, quando o dispositivo integrado é uma placa de rede ou uma placa de som, o desempenho não é tão afetado, uma vez que tais itens não requerem muito processamento. No entanto, o mesmo não ocorre com modems e placas de vídeo integrados. Este último requer, inclusive, um espaço significativo da memória RAM. É importante frisar que uma placa-mãe onboard pode ter um ou mais dispositivos integrados. Verifique com o fornecedor quais itens vêm nesta condição.
Se a intenção de compra de um computador é para atividades como acesso aos recursos de internet, edição de textos, terminal de uma loja ou qualquer outra aplicação simples, a aquisição de computadores com placas-mãe onboard é interessante, já que nestes casos não é necessário o uso de grande capacidade de hardware. No entanto, caso o computador a ser comprado seja usado para jogos em 3D, aplicações pesadas ou você simplesmente queira o máximo de desempenho, a melhor coisa a fazer é comprar um computador com placa-mãe offboard, isto é, que não possui nenhuma placa de expansão integrada. Se preferir, uma placa-mãe com rede e som integrado pode ser interessante, conforme já dito.
Se já tiver alguma placa-mãe em mente, pesquise pelo nome do modelo em mecanismos de busca, pois muitos sites e fóruns fazem avaliações de motherboards e assim você poderá saber se a placa que lhe interessa é tida como boa ou ruim. Observe também se a peça possui ao menos 4 portas USB (para conexão de câmeras digitais, impressoras, scanners, etc) e slots de expansão em quantidade satisfatória (4 PCI e 1 AGP, por exemplo, ou ainda, slots PCI Express).
Memória RAM
A principal questão em relação à memória RAM é a sua quantidade. Para rodar sistemas operacionais como o Windows XP e as últimas versões do Linux com o mínimo de eficiência, é necessário fazer uso de pelo menos 256 MB de RAM. No entanto, para rodar jogos e aplicações pesadas, o mínimo recomendável é 512 MB. Se você tiver um processador rápido, quanto mais memória, melhor.
Quanto ao tipo de memória, prefira sempre os padrões mais comuns. Evite o uso de tecnologias de memória difíceis de encontrar porque, nestes casos, o valor da memória e da placa-mãe aumentam consideravelmente. No momento em que este artigo era escrito, o padrão em uso é a memória DDR (Double Data Rate), sendo que a tecnologia DDR2 está começando a "aparecer".
Hard Disk (HD)
Existem HDs (Disco Rígido em português) que vão de 2 GB (existiram HDs com capacidades menores) até HDs com 500 GB, sendo que os discos rígidos com grande capacidade são mais utilizados em servidores. Para o uso doméstico ou em escritório, há períodos em que uma determinada capacidade está "na moda", ou seja, é padrão de mercado. A vantagem disso é o custo reduzido. No momento em que este artigo era escrito, a capacidade padrão era de 120 GB.
Na escolha de um HD, deve-se considerar não só a capacidade, mas também a velocidade de rotação dos discos, que são medidas em RPM (rotações por minuto) e isso está ligado à interface de comunicação do HD. Discos rígidos no padrão IDE (Integrated Drive Electronics) trabalham com rotações de 5.400 RPM e 7.200 RPM (recomendável). Os discos no padrão SATA (Serial Advanced Technology Attachment) também trabalham a 7.200 RPM, mas essa taxa pode ser maior futuramente. Os HDs com interface SCSI (Small Computer System Interface) - uma tecnologia de acesso mais rápida, porém cara - normalmente estão disponíveis nas velocidades de 10.000 RPM e 15.000 RPM. Quanto maior a taxa de rotação dos discos rígidos, mais rapidamente o processador conseguirá lidar com os dados armazenados neles.
É importante verificar qual interface sua placa-mãe suporta antes de comprar um HD.
Drive de CD/DVD
Este é um item não-fundamental ao funcionamento do computador, porém, hoje em dia, é recomendável ter pelo menos uma unidade de gravação de CDs. Como o DVD está se tornando padrão, é importante ter um aparelho que pelo menos leia esses discos. À medida do possível, ter um gravador de DVDs é o mais adequado, uma vez que estes dispositivos estão ficando cada vez mais viáveis. A seguir, uma relação dos tipos de drives de CD/DVD mais comuns:
CD-ROM - serve apenas para ler CDs;
CD-RW (gravador) - serve para ler e gravar CD-Rs e CD-RWs;
CD-RW + DVD-R (combo) - serve como leitor de CD-ROM e de DVD, além de gravador de CDs;
DVD-RW (gravador) - esse drive é um dos mais completos, pois lê e gravas CDs, assim como lê e grava DVDs.
Existem também outros tipos de drives, como o Zip Drive, que atualmente não é muito útil (talvez apenas a empresas para backup), já que seu preço geralmente é mais elevado que o de um gravador de CD e sua capacidade de armazenamento é menor. Também existe o tradicional drive de disquete 3,5" (floppy drive), cujos discos armazenam o máximo de 1,44 MB que, mesmo estando cada vez mais em desuso, é recomendável ter.
Monitores
Os tipos mais comuns de monitor são o CRT (Cathode Ray Tube) e o LCD (Liquid Crystal Display). O primeiro tipo é o mais em conta, uma vez que a tecnologia LCD é muito cara, apesar de seu preço diminuir gradativamente. Na escolha de um monitor CRT, atualmente, é melhor adquirir modelos com pelo menos 17" (lê-se o símbolo " como polegadas), já que o preço desses monitores é um pouco maior que os de 15". Além disso, é recomendável adquirir modelos que possuem tela plana, pois estes oferecem um grande conforto visual.
Na escolha de monitores LCD, o ideal é a aquisição de modelos cujo "refresh rate" (taxa de atualização) é de no máximo 16 ms. Quanto menor essa taxa, melhor a qualidade da imagem. É importante estar atento a um detalhe: é comum encontrar modelos que apresentam os chamados "dead pixels", pixels que ficam permanentemente brancos na tela. Por isso, pesquise para saber qual marca de monitor LCD apresenta mais qualidade.
Placa de Vídeo
A placa de vídeo é o item responsável por gerar as imagens que aparecem em seu monitor. O problema é que existem tantos modelos disponíveis que acaba sendo difícil escolher um.
A placa de vídeo precisa de uma memória RAM própria, principalmente quando trabalha com imagens em 3D. Quanto mais memória, melhor, no entanto, nem sempre vale a pena pagar pelos modelos que oferecem esse item em grande quantidade. Estes são bem mais caros (já que placas de vídeo com grande capacidade de memória geralmente possuem chips gráficos de última geração), chegando a ter o mesmo preço de um computador de baixo custo e, por essa razão, são indicados para usuários que queiram rodar jogos muito pesados.
As placas de vídeo atuais trabalham ou com o slot AGP (que tende a cair em desuso) ou com o novo slot PCI-Express. Verifique com qual tecnologia sua placa-mãe trabalha antes de escolher uma placa de vídeo.
Adicionais
Resta falar dos itens adicionais, começando pela placa de som: no mercado, encontram-se placas desse tipo que são voltadas ao uso profissional (para músicos) e por isso são muito caras. Para os usuários convencionais, existem boas placas que oferecem áudio de ótima qualidade. Por isso, procure modelos que trabalhem como pelo menos 5 canais de áudio e que sejam compatíveis com a tecnologia Surround. E claro, para fazer uso pleno dessa placa, é recomendável adquirir caixas de som compatíveis com as tecnologias da placa mãe. Marcas bastante reconhecidas de caixas de som são a Creative e Logitech.
É importante também observar a escolha de mouses e teclados. Sobre o primeiro, procure por modelos que fazem uso de tecnologia óptica, pois são mais precisos, duráveis e geralmente possuem pelo menos 3 botões (sendo um o útil botão de rolagem). É comum encontrar mouses falsificados, portanto, esteja atento, uma vez que estes duram pouco ou não funcionam devidamente. Quanto a teclados, procure um tipo que tenha a pressão das teclas macias e dê preferência aos modelos ergonômicos, que são indicados para quem passa muito tempo digitando, uma vez que ajudam a evitar danos físicos por esforço repetitivo.
Computador de marca ou montado?
É comum encontrar no mercado computadores montados por empresas conceituadas, como HP, IBM/Lenovo, Toshiba, Dell e Itautec. Muitos se perguntam se vale a pena adquirir computadores dessas marcas ou se é melhor comprar máquinas montadas em lojas.
Os PCs "de marca" são projetados por engenheiros especializados, que combinam as peças do computador de forma que este obtenha o máximo de desempenho. Assim, não é preciso se preocupar com aquecimento do processador e da placa-mãe, já que o interior do computador é devidamente ventilado. Por essas características, essas máquinas tendem a dar menos problemas do que os computadores montados em loja. Ainda há o fato do suporte dessas empresas serem eficientes. Por outro lado, o usuário nem sempre pode definir uma configuração desejável e acaba tendo que aceitar algo já pré-determinado pelo fabricante. Além disso, muitos desses computadores são obrigatoriamente acompanhados do Windows. Acontece que há usuários que preferem comprar um PC sem sistema operacional porque preferem instalar o Linux para essa tarefa. O fator mais intimidador, no entanto, é o preço. O custo dos computadores de marca são mais elevados que os montados em loja, devido as vantagens citadas. Por essa razão, os consumidores principais desses computadores são empresas, que precisam de máquinas com bom desempenho para não prejudicar suas operações.
Há alguns anos, os computadores de marca eram mal-vistos porque só aceitavam peças de determinadas marcas, o que dificultava um upgrade ou um reparo. Hoje em dia, isso raramente acontece. Por isso, para o usuário doméstico, computadores de marca podem ser interessantes. Mas se você é do tipo que prefere personalizar ao máximo seu computador e quer gastar o mínimo de dinheiro, os computadores de loja são a melhor opção, pois muitas permitem que você escolha as peças desejadas, não obrigam a compra de um sistema operacional e geralmente possuem preços melhores. Porém, deve-se considerar que o risco de haver problemas oriundos de falta de especialização técnica é um pouco maior, assim como é necessário conhecer bem os dispositivos que serão adicionados ao computador para não comprar "gato por lebre". Para evitar problemas, pesquise por lojas consideradas confiáveis.
Finalizando
A compra de um computador requer atenção a vários aspectos para aumentar as chances de um bom negócio. Este artigo deu algumas orientações sobre a escolha dos itens mais importantes de computador. Mesmo assim, se você se sente inseguro para fazer uma escolha, peça para alguém com experiência no assunto te ajudar. Assim, você conseguirá comprar um computador que sirva às suas necessidades e evitará problemas futuramente.